Na Praia do Sono havia uma onça que estava incomodando todas as famílias. Diariamente tinha a notícia de que uma galinha, ou um porco fosse comido por ela. Geraldo, caçador famoso na comunidade foi inquirido por todos sobre o que ele iria fazer com a “marvada”. De pronto Geraldo disse que ela não duraria mais uma semana viva.
Na manhã seguinte, saiu com sua espingarda à caça do animal. Procurou, procurou e não encontrou. Já estava anoitecendo, e nada da onça dar as fuças. Fez armadilha, esperou em cima de uma árvore. Só jacu e paca apareciam. Resolveu dormir na mata, pra ficar na espreita. Passou a noite em vão. Nada de onça. Na verdade, ela devia ter ido embora ou sido morta por outro caçador, concluiu.
No dia seguinte, já cansado, resolveu voltar para o Sono.
- E aí, Geraldo! E a onça? – perguntou Manoel, assim que chegou à praia.
- Rapaz! Foi difícil, mas resolvi o problema!
- Conta como foi! – disse Manoel, enquanto a comunidade ia se chegando pra saber do acontecido.
- Não foi fácil. Vi a onça, mas ela estava muito arisca. Dei uns tiros aqui, outros ali, até acabar os cartuchos. Uma hora pensei que tinha acertado a danada, mas foi engano. Quando já tava quase desistindo, ao passar pela Cachoeira no alto das Gaietas, dei de cara com a bicha! Não tive nada! Encarei ela, ela me encarou! Tava tão pertinho que não vascilei! Peguei nas suas orelhas, puxei pra perto e falei dentro do ouvido dela: “Sai daqui marvada! Senão eu te mato!“. Ela saiu correndo e se enfiou na mata. Acho que nunca mais teremos notícias dessa onça por aqui! Dessa não!
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